quarta-feira, outubro 31, 2007

2014: há põe na conta da FIFA!!


© Steffen Schmidt/Keystone/AP

não sei nem o que falar...o Romário, atacante, técnico e promoter.
o Dunga...que tem mais 6 irmãos...e a minha indignação, que não acredita nos
beneficios trazidos pra a cidade a sediar esse circo!

já queria tirar a frase da bandeira nacional, que tenho pra mim que entre botijas de vinho e mulheres um dos Pedro fanfarão, a mencionou se referindo a sua entrada em seus aposentos e
um atento puxa-saco achou por agrado do patrão imprimi-la e expô-la no em um mastro.


2014: há põe na conta da FIFA!!

Marcadores:

liberdade e direitos

a open source já era uma revolução qdo o guri foi mordido por um pinguim, qdo passeava com um grupo....do pinguim pra o bisão foi um pulo...
agora o que realmente me chama a atenção é a oragnização dos interessados em por em prática o poder de criatividade e fazer com que o "objeto de ouro" disso supere qualquer barreira.
é formidável como fazer que a informação não pare, se renove e seja expansível o suficiente de chegar a mão do maior número de pessoas possível. muito bom! muito bom mesmo!
vc pode criar, expor, publicar, passar ao amigo, enviar a um site, mas se a sua musica por ex for uttilizda na novela...ai PAGA!, se alguém a vender ai PAGA!

leia mais:

creative common brasil

linux

Marcadores:

quinta-feira, outubro 25, 2007

aspas

ta chovendo, ta cinza, mas não é seatle...esta tarde merece uma " aspas "

"Ainda há ingênuos observadores de si mesmos que acreditam existir “certezas imediatas”; por exemplo, “eu penso”, ou, como era superstição de Schopenhauer, “eu quero”: como se aqui o conhecimento apreendesse seu objeto puro e nu, como “coisa em si”, e nem de parte do sujeito nem de parte do objeto ocorresse uma falsificação. Repetirei mil vezes, porém, que “certeza imediata”, assim como “conhecimento absoluto” e “coisa em si”, envolve uma “contradictio in adjecto” [contradição no adjetivo]: deveríamos nos livrar, de uma vez por todas, da sedução das palavras! Que o povo acredite que conhecer é conhecer até o fim; o filósofo tem de dizer a si mesmo: se decomponho o processo que está expresso na proposição “eu penso”, obtenho uma série de afirmações temerárias, cuja fundamentação é difícil, talvez impossível - por exemplo, que sou “eu” que pensa, que tem de haver necessariamente um algo que pensa - que eu “sei” o que é pensar. Pois se eu já não tivesse me decidido comigo a respeito, por qual medida julgaria que o que está acontecendo não é talvez “sentir”, ou “querer”? Em resumo, aquele “eu penso” pressupõe que eu “compare” meu estado momentâneo com outros estados que em mim conheço, para determinar o que ele é: devido a essa referência retrospectiva a um “saber” de outra parte, ele não tem para mim, de todo modo, nenhuma “certeza” imediata. - No lugar dessa “certeza imediata”, em que o povo pode crer, no caso presente, o filósofo depara com uma série de questões de metafísica, verdadeiras questões de consciência para o intelecto, que são: “De onde retiro o conceito de pensar? Por que acredito em causa e efeito? O que me dá o direito de falar de um Eu, e até mesmo de um Eu como causa, e por fim de um Eu como causa de pensamentos?” Quem, invocando uma espécie de “intuição” do conhecimento, se aventura a responder de pronto essas questões metafísicas, como faz aquele que diz: “eu penso, e sei que ao menos isso é verdadeiro, real e certo” - esse encontrará hoje à sua espera, num filósofo, um sorriso e dois pontos de interrogação. “Caro senhor”, dirá talvez o filósofo, “é improvável que o senhor não esteja errado; mas por que sempre a verdade?” -

Marcadores:

quarta-feira, outubro 24, 2007

a tarde

paulinha köstlich says: (16:59:01)ah to pensando em votar no fhc

paulinha köstlich says: (16:59:09)caso ele volte a candidatar-se

HERES says: (16:59:35)candidato à BBB?

paulinha köstlich says: (16:59:47)mas esse nao era o lula?

paulinha köstlich says: (16:59:55)votei no cara errado!

Marcadores:

não dou iBOPE!

Sou completamente a favor do cinema nacional, há um ano não vou à salas de cinema assistir a filmes americanos propositadamente.

o filme tropa de elite é ótimo, fantástico, listo elogios à obra e todos nele envolvidos!

porém não aguento mais, me deparar com pessoas que são inflamadas com as atitudes que o roteiro mostra através de seus personagens e imputam a eles condições de soluções, partidárias e cidadãs!

não aguento mais ver e ouvir opiniões tacanhas sobre a obra, querendo trazer a seu cotidiano um super-heroi com tal conduta, não aguento mais saber que as pessoas não capazes de discernir sobre o que foi proposto, não aguento mais saber que algumas pessoas são concordantes com o que a ficção representa no filme, pelo fato da obra ser brilhantemente feita a partir de pesquisa sobre fatos.

não!

não dou iBOPE!

Marcadores:

sexta-feira, outubro 19, 2007

O Jacob vai colocar um anúncio no jornal.

- Gostaria de colocar um nota fúnebre do morte de meu esposa, diz ao atendente.
- Pois não, quais são os dizeres?
- Sara morreu!
- Só isso? espanta-se o rapaz.
- Sim, Jacob não quer gastar muito.
- Mas o preço mínimo permite até 5 palavras.
- Então coloca: "Sara morreu. Vendo Monza 94."

Marcadores:

quarta-feira, outubro 17, 2007

lula tá lelé pq de o loló pro renan guardar!



Brasil: Lula diz que brasileiro ganha ao pagar mais impostos


"Brasileiro só paga mais impostos porque ganha mais"
O presidente Lula concedeu hoje uma breve entrevista coletiva à imprensa, em Florianópolis (SC) - onde cumpre agenda durante todo o dia. Ele saiu em defesa, mais uma vez, da prorrogação da CPMF, e disse que o brasileiro só paga mais impostos, porque está ganhando mais. Por outro lado, não quis comentar os rumores de que vai se licenciar do cargo em 2010 para eleger um sucessor.



Sabe o que isso me lembra e muito, o Levy Fidélis e seu Aerotrem, exclamando PEROBA NELES!!!!

Marcadores:

Chamada Global contra a Pobreza




NAO QUEREMOS SEU DINHEIRO, QUEREMOS SUA VOZ


A Chamada Global para Ação contra a Pobreza é uma das maiores alianças já organizadas por cidadãos e cidadãs em todo o mundo. Ela reúne 200 organizações e movimentos sociais em mais de 100 países e tem a faixa branca como símbolo.

Desde o início, a mobilização é a marca dessa iniciativa e seu objetivo maior é fazer com que governos de todos os países cumpram seus compromissos de apoio a populações pobres.

A Campanha foi criada em 2005 por ser esse um ano marcado por uma agenda internacional de grande impacto sobre o desenvolvimento dos países:

• Fórum Social Mundial (Brasil);
• Fórum Econômico (Suíça);
• Reunião do G8 – países mais ricos do Mundo (Escócia);
• Reunião da ONU para avaliação das Metas do Milênio para _redução da pobreza (Nova York);
• Reunião da Organização Mundial do Comércio, OMC (China).



A Chamada Global não busca dinheiro, mas a voz e a atitude das pessoas para cobrar, sugerir e controlar os governantes. Use a sua voz. Ela tem poder.



PARTICIPE


O objetivo da plataforma brasileira da Chamada Global para a Ação contra a Pobreza é de promover a visibilidade de iniciativas/ações que são realizadas por atores da sociedade civil organizada que integram a articulação no Brasil. A pobreza, no Brasil, tem caras diversas, mas se traçarmos um perfil, ela seria basicamente feminina, negra, rural e associada a um processo histórico desvalorização de direitos básicos dos mais carentes.

Buscamos, com essa iniciativa, divulgar informações que instrumentalizem organizações e individuos a atuarem de forma efetiva no controle social de políticas públicas e junto a suas comunidades. Buscamos deflagrar um processo de sensibilização da sociedade para que, juntos, enfrentemos questões estruturantes da pobreza no país, como a baixa escolaridade, carência de serviços de saúde pública e infra-estrutura urbana e rural.

Disponibilizamos, a seguir, uma série de links para ações/acampanhas/iniciativas que possam estar agregando o seu apoio/participação. Caso seu campo de interesse ou atuação seja diverso dos disponibilizados, favor entrar em contato conosco para que busquemos formas de viabilizar a sua participação.


Diálogos do Racismo
http://www.dialogoscontraoracismo.org.br/forms/default.aspx

Campanha da Educação
http://www.campanhaeducacao.org.br/

Marcadores:

terça-feira, outubro 16, 2007

31º Mostra Internacional de Cinema



Amigos, almofadinhas, pipocas e tempo!

Qem tem a sorte de ter tempo livre, pode curtir a 31º Mostra Internacional de Cinema a vontade. Esse ano, pelo que lí, a boa surpresa fica por conta do homenageado do ano, o francês Jean-Paul Civeyrac, veja sua filmografia.
* Ni d’Eve ni d’Adam (1996)
* Les solitaires (2000)
* Fantômes (2001)
* Man's Gentle Love (French title : Le doux amour des hommes, 2002)
* All the fine promises (French title : Toutes ces belles promesse, 2003)
* Tristesse beau visage (2004)
* À travers la forêt (2005)
Vou por uma listinha do que vai rolar, mas clica la no título deste post que tem um agendão do UOL, pra ajudar e aqui no site da BRAVO, tem uma coluninha ótima, pra quem quer formatar sua opinião sobre quem faz cinema atualmente.

Eu pretendo mesmo ir a sessões brazucas e as de docs de música, Bob Dylan e Joy Division estão entre eles.



*** Obrigada ao site : CINEMATOGRAFO

http://www.cinematografo.com.br/lista-de-filmes-da-31%C2%AA-mostra/

Marcadores:

BLOG ACTION DAY

Como Reciclar meu Lixo!! E o seu tbm!



PLANO DE COLETA, SELEÇÃO E DESTINAÇÃO AMBIENTALMENTE CORRETA DO LIXO RECICLÁVEL DOMÉSTICO E COMERCIAL.



Todos materiais passíveis de reciclagem (99% do lixo produzido) sem aumento de custo para o município e para os participantes, gerando empregos e oportunidades para a comunidade local. Colaborando com a limpeza pública, PROTEGENDO O MEIO AMBIENTE. Os grande lixões, além de poluirem o solo, trazem mal cheiro, doenças, poluição das nascentes e rios. Os oceanos praticamente não contam com políticas de conservação. Enquanto a conservação de parques e reservas abrange algo em torno de 9% da superfície terrestre, nos oceanos, ocupam menos de 1%. Além disso, são jogadas cerca de 6,5 milhões de toneladas de lixo, por ano nos oceanos só no Brasil, sem contar os acidentes com vazamentos de petróleo, os naufrágios de navios e submarinos com carga ou combustível nucleares e as descargas contínuas de esgotos!

Se você quer implantar a coleta seletiva, na sua residência ou local de trabalho, Leia com atenção a baixo como separar o lixo corretamente, faça um movimento conjunto e planeje campanhas e a retirada dos materiais recicláveis.



COMO COLOCAR A RECICLAGEM EM PRÁTICA.



Em sua casa, apartamento ou trabalho, as orientações a seguir:-

Normalmente em todos os locais só existe um cesto de lixo. Pois bem, separe vários sacos plásticos e vá colocando cada tipo de lixo em um deles.

É fácil...basta você "guardar" os saquinhos de embalagens que você ganha nos supermercados! Depois fixe um "sarrafo" de uns dois metros na parede do quintal ou da área de serviços e pendure os saquinhos com um prego, e vá substituindo-os conforme eles encherem. Se quiser, poderá escrever "caprichadinho" no sarrafo, um nome para o destino de cada saquinho. Para empresas é só orientar os funcionários e colocar tambores grandes com os respectivos nomes, logo terá muitas pessoas de olho naquele lixo que vale dinheiro.








Procure usar sacolas plásticas biodegradáveis para separar seu lixo doméstico

.

=Saco nº 01: Papéis revistas, jornais e seus derivados.



=Saco nº 02: Vidros, lâmpadas, garrafas etc



=Saco nº 03: Brinquedos, garrafas plásticas etc.



=Saco nº 04:


Artigos de borracha. Caso tenha pneus velhos para jogar, tome cuidados para deixá-los sempre secos, você já deve ter ouvido falar na Dengue. Fure-os ou corte em pedaços. Ou também voçe poderá levá-los em lojas de vendas de pneus.



=Saco nº 05: Entulhos, madeiras, cimentos e resto de sujeiras das faxinas etc.



=Saco nº 06: Metais diversos, latas, arames, pregos, alumínios etc.



=Saco nº 07:


Objetos Perigosos como: Baterias em geral, pilhas e lâmpadas fluorescentes. Nunca jogue no lixo, pois estes produtos são altamente contaminadores e perigosos.



=Saco nº 08: Orgânicos como: restos de comida, ossos etc.



=Saco nº 09:


Papéis usados, ( higiênico por exemplo ), guardanapos, fotografias, fita crepe, tocos de cigarros, esponjas de aço usadas, panos sujos dentre outros.
ÓLEO DE FRITURAS Nunca jogue o óleo de fritura na pia ou ralo, guarde-os em garrafas de refrigerantes, eles são Biodiesel, ou seja, combustíveis de veículos e também podem virar sabão, além de proteger a natureza estará guardando uma pequena fortuna em sua casa.
CINZA DE CIGARRO Nunca jogue fora a cinza do cigarro, peque latas de leite ou chocolate vazia e vá colocando as pontas dos cigarros e guardando as latas cheias em casa até que a ciência encontre uma aplicação para este resíduo altamente tóxico, colabore com o meio ambiente, já que não consegue parar de fumar faça este pequeno gesto de carinho.







Hoje no Brasil são jogados fora todos os dias, cerca de 228.000 toneladas de lixo, um desperdício de milhões de dólares.



Faça sua parte como um bom cidadão, contribua para uma cidade limpa e seu meio ambiente bem cuidado, aproveite o embalo e plante uma "Árvore"nativa.

Marcadores:

sexta-feira, outubro 12, 2007

CASAS DO BRASIL 2007

Casas do Brasil 2007
de 17 de outubro a 25 de novembro de 2007

A segunda edição da mostra transita entre a fantasia da casa própria idealizada, a construção do interior de uma casa de classe média e a realidade abrupta daqueles que constroem moradias improvisadas em locais irregulares.


Sob a curadoria de Eder Chiodetto, o Governo do Estado de SP, a Secretaria de Estado da Cultura e o Museu da Casa Brasileira convidam para a abertura da exposição CASAS DO BRASIL 2007.

De terça a domingo das 10 as 18hrs.

As obras exibidas serão dos artistas da CIA de FOTO, Bruno Faria e Marcelo Zocchio.

Marcadores:

quarta-feira, outubro 10, 2007

algo sobre hip hop

Trabalho Sujo

« Domingo fino | Main | A mudança de ares de uma era resumida em um disco »
KL Jay, DJ Hum, Grandmaster Ney, Nutz e DJ King

Uma segunda-feira fria de julho, um célebre bar na esquina mais famosa de São Paulo vê um verdadeiro panteão reúne-se ao redor de uma mesa para contar a história do DJ de hip hop no Brasil. Sentados lado a lado estavam Grandmaster Ney, precursor do hip hop nas equipes de som black dos anos 70 e 80; DJ Hum, que fez seu nome ao lado do rapper Thaíde; KL Jay, a base musical dos Racionais MCs e organizador do festival Hip Hop DJ; King, que manipula as picapes para Xis, entre outros; e Nutz, que fez seu nome ao lado do Planet Hemp.

Além de seus trabalhos originais, todos eles são veteranos na noite paulistana e tocam em várias casas noturnas, produzindo discos e se apresentando por todo o Brasil. Ou seja: não foi fácil reunir esses caras. Mas uma vez reunidos, os caras soltaram o verbo. Primeiro, KL Jay, Hum e Ney contaram sobre os primórdios e a fase da São Bento, sempre de um ponto de vista bem-humorado e saudosista. Nutz e King participaram de leve, comentando e ajudando os três se lembrarem de datas, nomes e detalhes que cresceram ouvindo falar. Depois, os dois entraram no papo de uma vez e ajudaram a contar a história de suas vidas - e do hip hop brasileiro.

Ney: Eu nasci com disco no sangue. Toda minha família, os irmãos da minha mãe, organizava bailes. Meu tio, o falecido Zé Carlos Vitrola, foi o primeiro DJ a tocar só com a vitrola, separado do resto do equipamento. Daí veio o nome dele. Era uma época em que os DJs tocavam sentados. Não tinha mixer, fone, feltro no prato pra parar o disco... Nada disso. O pessoal tocava os discos no tato. Isso no final dos anos 60, quando os bailes tavam começando a tocar as coisas mais antigas, voltando pro soul e eu comecei a procurar as coisas novas.
KL Jay - Minha mãe escutava rádio AM e ouvia muito Roberto Carlos, John Lennon, trilha de novela... Mas o pessoal começou a falar de FM, de umas rádios que tocavam um tal de funk: Excelsior, Jovem Pan, Cidade, Antena 1... Meu pai tinha um radinho que pegava FM e quando ele ia trabalhar eu botava na FM e ficava ouvindo os sons, Gap Band, One Way...
Hum- Quando eu mudei pra Ferraz de Vasconcelos, meu tio me falou "leva uns discos" e aos poucos eu fui vendo que essa era a diversão do pessoal, tocar discos na rua, fazer bailinhos. Comecei assim, tocando em bailinhos pra arrecadar grana pra formatura da oitava série. Todo mundo começou tocando em bailinho. Eles foram a grande escola. A gente levava os discos que tinha, não tinha essa de discos mais tocados. Eu lembro que tinha o famoso questionário: você chegava no lugar e o pessoal começava a perguntar o que você tinha. "Tem o álbum tal? O meu é de 77", "o meu é de 79".
Ney - Meu tio morreu de tuberculose aos 26 anos, em 73, e antes de morrer ele falava que ia me levar pros bailes que ele tocava: Maison Suíço, SP Chic, Telefunken... Mas ele morreu antes. E depois de ele morreu, eu toquei em todos essas casas que ele falou.
Hum- Era uma época em que os DJs tocavam de costas pro público, com um espelho na frente, pro pessoal ver. Mas não encarava o público.
Ney - Eu comecei a manipular os discos, mas eu não fui o primeiro. O primeiro foi o Paulão, que foi preso e depois sumiu... Tem muita gente que acha que eu inventei a roda, mas ele foi o primeiro. Comecei tocando em bailinhos com o meu irmão e aos poucos fui evoluindo. E as coisas também. Costumo dizer que, dos anos 70 pra cá, tudo que aconteceu de inovador veio da música negra.
KL Jay - Tudo veio da África, tudo veio do tambor.
Hum- Nos anos 70, o negro brasileiro tinha dois estereótipos, o carnavalesco e o que depois começou a ser chamado de black. Foi importante porque era uma época que a gente não tinha informação e as equipes de som - como a Chic Show, a Black Mad, a Zymbabwe... -, apesar de ter um lado burocrático, eram quem deixava a gente um pouco informado sobre o que acontecia lá fora.
Ney - Foi quando as coisas começaram a mudar. Apareceu o Grandmaster Flash e ele virou meu ídolo. Eu tocava tudo quando era estilo usando as bases do Flash, as referências que eu usava eram dele. E o Mister Gil, que se apresentava comigo, começou a me chamar de Grandmaster Ney, que acabou ficando. Era uma época que ainda existiam os vendedores ambulantes de disco, eu mesmo vendi disco. A gente vendia para umas equipes e outras ficavam sem. E os discos iam ficando raros.
Hum- As equipes eram concorrentes e todo mundo concorria com todo mundo: o melhor DJ, o melhor dançarino, a melhor rádio. Todo mundo tinha um "escutador", pra reconhecer as músicas que os outros tocavam e pra ouvir se o equipamento de som era bom mesmo. Quando o som era bom, o tímpano voava! E ninguém se metia a ser o "escutador" do Chic Show, por causa da altura do som.
Ney - A gente ia pro Rio comprar disco importado, que chegavam direto no porto. O Rio era o melhor mercado de disco de vinil do Brasil, o dobro de São Paulo. Na volta, a gente vinha apagando o rótulo.
KL Jay - A fogueira das vaidades! Era o medo de informar, pra você ver!
Ney - Tinha aquela história de subir na mesa e ficar rodando a cabeça pra conseguir ler o rótulo!
Hum- Mas o Rio era muito organizado, até hoje ainda tem a associação de equipes de som.
Ney - E a cultura dos bailes já era administrada pelos DJs: as equipes tinham o equipamento e chamavam os DJs que traziam o material. Uma organização absurda! Não tinha o que tinha em São Paulo, os DJs de lá trocavam informação, discos, "me empresta teu disco que eu vou tocar no meu baile".
Hum- Esse lance da informação começou a ser quebrado na época da São Bento, quando a gente começou a ouvir aquele funk falado, que depois a gente descobriu que era o rap.
KL Jay - Tinha isso da troca, na São Bento. Eu comecei lá dançando break, vendo os vídeos, Beat Street, o do Malcolm McLaren, o Chic... E essa onda começou a me levar.
Ney - Eu tocava nos bailes que não permitiam que se dançasse break, rolava discriminação. Mas eu tinha ficado fissurado naquilo, roubei a fita do Beat Street da locadora, que eu tenho até hoje.
Hum- O pessoal do punk, que na época tava saindo da São Bento, passou muita informação pra gente, mostrou muita coisa, The Clash... A gente era vanguarda, era uma coisa diferente dos bailes.
KL Jay - É bom frisar que o que acabou com os bailes foi a mesquinharia. O Ney era o único cara do Chic Show que não tinha o pensamento dos caras.
Ney - Lembro do DJ Hum com toca-discos Garrard no chão, procurando um ponto de luz pra ligar e botar os caras pra dançar break. Foi quando começou o rap em São Paulo. O Nelson Triunfo (pioneiro do break no Brasil) foi praticamente o pai de tudo.
KL Jay - O esquema da dança de soul e funk era uma espécie de protesto visual, uma auto-afirmação. Mas o hip hop era mais agressivo. O DJ pegava o disco e "falava" usando as mãos: "Polícia filha da puta!", "Racismo o caralho!".
Hum- Em 82 eu vim pro Centro e vi o Nelsão dançando break, os caras tipo robôzinho... Naquela mesma noite eu ia tocar em um casório. E eu pensei em levar os caras, pra dançar na quebrada. Eu morava num lugar que se eu não fizesse nada, ou os caras passavam o dia fumando maconha ou saíam metendo bala. Então eu era meio "empresário" no lugar. Catei dois neguinhos, ensinei os caras como era a dança e levei pro casamento. Foi a pior coisa que eu fiz na vida (risos). No meio da festa - isso numa sala, o sofá de um lado, a estante do outro, o retrato de Nossa Senhora num canto... -, parei o som e disse: "Agora com vocês, dois caras que eu trouxe da cidade", olha o 71 (risos), "que vão mostrar a nova dança, a dança do robôzinho!". E os caras não sabiam fazer direito e neguinho ficava se perguntando: "Que palhaçada é essa?" (risos).
Ney - Fiquei com medo quando eu vi o break na abertura da novela das oito (Partido Alto, da rede Globo). Porque era só ir pra Globo pro negócio falir, foi assim com a discoteca, com o Dancin' Days. Pensei que o break ia morrer. Tanto que ficou um tempo meio sumido, meio parado...
KL Jay - Rolava uma zoeira do pessoal do samba, que era mais arrumadinho e falava: "ih, lá vem aqueles caras que gostam de limpar o chão com o corpo, de fazer vuk-vuk nos discos". Mas entre os DJs, tanto de funk quanto de hip hop sempre teve um respeito mútuo.
Ney - Mas eu fui interrogado na São Bento, "o que é que você tá fazendo aqui?", porque eu era da Chic Show. Mas o negócio começou a crescer tanto que foi quase mágica, logo estava em todos os lugares, tinha crescido muito. E o Luizão do Chic Show me chamou pra fazer um disco de rap, com o MC Jack e o Naldinho.
Hum- Foi quando a gente descobriu que existia uma maquininha chamada mixer. A gente não sabia como os DJs faziam. "Como é que eles fazem isso?".
KL Jay - A gente achava que os caras é quem produziam o som. Só depois que a gente soube que eles pegavam músicas de 10, 20, 30 atrás.
Hum- Todos nós copiamos o Eazy Lee, o DJ do Kool Moe Doe, que veio para o Brasil.
Ney - Foi o que quebrou a gente. A gente nunca tinha visto um DJ fazer performance até o cara fazer os scratches com os discos do Tim Maia.
KL Jay - Com discos de música brasileira! Eu pirei! "Você mentiu-ti-ti-tiu!". Nossa, mano! Que mágica!
Hum- Um dia, um cara me viu fazendo scratch e falou que eu tocava igual aos americanos. E me levou pra uma festa, a maior das equipes amadoras. E o cara anunciou: "Agora vamos trazer aqui o Humberto, que faz igual os americanos!" (risos). E eu fazendo a mixagem na mão, com a vitrola de madeira. E o cara: "Faz que nem os americanos, os caras tão aqui pra ver!" (risos). E neguinho achando que eu ia dançar break, jogar basquete ( risos).
Ney - Quando a gente tocava no interior, o Natanael (Valença, um dos fundadores da equipe Chic Show, já falecido) chegava e falava: "Faz aquelas performances!". E eu fazia os back-to-back, pintava e bordava... E quando desligava o toca-discos, ficava todo mundo ali parado , olhando pra minha cara.
Hum- É difícil...E show de rap? "Com vocês, Fulano de Tal!". Podia ser quem fosse, podia estar estourado no rádio, e os caras ficavam lá, batendo o pé...
KL Jay - Virava de costas!
Hum- Isso quando o show era bom. Se fosse ruim, os caras tacavam coisas...
Ney - Aí o Natanael sacou que tinha que preparar o povo, explicando: "Ele fica repetindo a mesma frase nos dois discos..." e aí sim o pessoal gostava. Mas da segunda vez não dava mais, não tinha mais novidade. Aí quando eu voltei a fazer interior, pensei: "Vou chamar outro DJ pra tocar comigo".
Hum- Pra fazer igual os americanos... (risos)
Ney - A primeira vez que a gente se apresentava era legal, mas da segunda vez o povo virava e "pô, esse negócio de novo?". Aí eu pensei em fazer algo diferente, em inovar. E convidei o Humberto pra fazer back-to-back de dois...
Hum- Isso foi legal...
Ney - Eu saía e o Humberto entrava, ele saía e eu entrava... E a casa veio a baixo. Mas na segunda vez, de novo, já não valia mais a pena, porque o público não gostava. Aí levamos três e a gente corria em volta da mesa! (risos) Chegou uma hora que não tinha mais o que inventar. Eu subia na mesa e mexia com o pé, que me valeu uma dor na coluna que eu tenho até hoje...
Nutz - E não tinha aquela coisa de mexer o fader com a bunda?
Hum- Tinha. Tinha um truque que era maior embromation, mas o pessoal gostava. O cara tirava o tênis e mexia no crossfader e a galera: "'Ó lá, o cara fez com o tênis!". (risos)
Ney - O Ricardo Medrano falou que ia fazer com o pé, só que ele era deficiente físico. Aí no meio da apresentação, ele não me tira a perna mecânica pra fazer os scratches? (risos)
KL Jay - E ainda mostrou a bunda depois da apresentação, com o Olympia lotado.
Ney - Isso foi no segundo DMC (campeonato de DJs realizado em São Paulo entre 88 e 97). Nós três, eu, o Kléber e o Humberto, competimos nos três primeiros. O primeiro tinha só amigo da gente. Eu lembro do KL Jay ir lá na rádio que eu trabalhava e dizer que tinha um 12 polegadas do "It Takes Two", do Robbie Bass: "Eu tenho um bagulho louco pra fazer com esse som, mas eu não tenho o outro". Como não tem? Aí eu fui lá no case do Chic Show e roubei o álbum emprestado. E pedi: "Não coloca uma marca nesse disco, pelo amor de Deus!". Ele fez a performance, eu devolvi o disco e até hoje ninguém sabia disso.
Hum- Houve um estudo, um aprendizado autodidata, isso no fim dos anos 80, 88, 89... A gente fazia umas audições e ficava pensando como é que os caras faziam aquilo. A gente não sabia o que era um sampler, sampleava as coisas usando fita. Até que começou o SPDJ, no Santana Samba, que foi a primeira festa feita para DJs de hip hop, direcionada para DJs.
Ney - Foi a época que eu saí da Chic Show. As equipes proibiam você de falar que músicas você tocava, se você fosse funcionário. Eu toquei a primeira música do Soul II Soul no Brasil por um ano e meio, sem que ninguém soubesse o que era...
KL Jay - Mas você foi o primeiro que tocou A Tribe Called Quest em São Paulo. O Luizão do Chic Show tocou o Princess of the Posse, da Queen Latifah, quando saiu sem falar pra ninguém o que era.
Ney - E quando você saía da equipe, você tava morto, porque os discos, os equipamentos, os contatos... Tudo era da equipe. Fora que neguinho falava que você tinha saído porque roubava. E eu que ensinei todo mundo: Duda, Eazy Nylon, Don Black... E vi uma das pessoas que montou o Chic Show, o Natanael, ser discriminado lá dentro. Aí eu entreguei os discos e saí. Eu não tinha mais como crescer ali dentro. Foi quando eu comecei a tocar nos Jardins. E o Natanael me viu saindo e tomou coragem pra sair. Foi quando começamos a tocar direto no interior, Campinas, Sorocaba, Jundiaí... E montamos o SPDJ, que era uma festa itinerante. E depois nos instalamos no Santana Samba, nas quartas-feiras, e a comunidade abraçou. As festas especiais do mês lotavam, todo mundo queria tocar, mesmos os consagrados. Eram quatro mil pessoas espremidas num cubículo, gente pendurada no exaustor.
KL Jay - Foi a época que o CD começou a se popularizar. E a maioria do pessoal abraçou o CD. Vendeu os toca-discos! Vendeu os discos! O que você via MK2 baratinho vendendo, quase dada!
Nutz - Eu comecei nessa época. O pessoal falava: "Não compra MK2!". Isso em 92, 93... Antes tinha uma coisa até saudável, de ir todo o fim de semana na Truck's ver os discos que tinham chegado. Comecei fazendo som em festas, na sexta, sétima série. A equipe chamava DJ Action e eu ouvia as coisas na 105. A equipe acabou e eu conhecia a galera, o centro, a São Bento, e continuei tocando. Comecei a tocar na noite ainda menor de idade.
King - Eu já acompanhava o pessoal montando som, mas só fui entrar mesmo quando vi os Racionais tocando no Tom Tom, uma casa lá em Suzano, que era onde eu morava. Fiquei só olhando o Kléber e depois comecei a seguir o cara, o Humberto, o MC Jack. Como eu morava muito longe, não peguei a São Bento no início, mas ouvia a Zymbabwe, a Black Mad... Comecei nessa época, do Santana Samba, dos shows no Projeto SP. Eu pegava trem e era uma época que eu tinha que andar com um povo, porque tinha os carecas, os white power, que davam porrada. Na época eu trabalhava no banco e conheci o Ico, que tinha um programa de rádio com o Armando Martins na Manchete, e ele vendia as fitas no banco. Foi quando eu comecei a ir nos bailes da Chic Show e ver o Eazy Nylon, o Duda, o Macarrão, o Ney... Na época eu rodava o disco na mão, pra fazer como os caras. Primeiro numa CCE de plástico, depois numa Garrard de madeira.
Hum- Aí as coisas já estavam bem populares, a cultura já era mais conhecida. E a gente montava os shows sem ter informação nenhuma, sem saber como era. A gente só entendeu quando o Public Enemy tocou no Brasil, que tinha um logo, que tinha uma produção... O show do Public Enemy marcou todo mundo.
King - Lembro que a Kazkata's ia sortear um mixer chorus e eu escrevi 400 cartas pra ganhar (risos). E eu fui burro, devia ter xerocado, mas não, faltei na escola a semana inteira escrevendo aquelas cartas. E quando rolou o sorteio, outro cara, que escreveu 10 cartas, foi sorteado, mas ele não já tinha ido embora. O segundo nome foi o meu e eu já fui com o RG na mão...
KL Jay - Até que ficaram dois anos sem ter o DMC e eu, como todo DJ de hip hop, sabia que havia vários DJs bons e que a minha missão era revelar esses caras. Aí eu troquei uma idéia com o Xis ali no Ponto Chic: "Queria fazer um campeonato de DJs chamado Hip Hop DJ". Eu tocava no Soweto e disse que as eliminatórias podiam ser lá. Isso já em 97. Perguntei: "Vamo fazer? Eu tou com um dinheiro aqui, você pode dar alguma coisa?". Ele topou e fizemos. Foi o maior sucesso.
Hum- É legal porque voltou a valorizar o DJ e o vinil. Hoje tem loja, como a Porte Ilegal, que só vende vinil.
KL Jay - O mais importante é que revela muitos caras: o Cia, o próprio Nutz, o King, o Fábio Soares... E é um negócio underground. Não vai pra TV, não é divulgado como aula de DJ de drum'n'bass.
Hum- Quem não conhece a cultura hip hop, descobriu o DJ pela eletrônica. Mas os DJs de eletrônica curtem hip hop. Ninguém fala do Marky tocando na Sound Factory, na Penha, em 98. Ou o Patife abrindo a pista de eletrônica na Toco.
KL Jay - A música eletrônica é muito aceita na periferia.
Hum- Acompanha o meu raciocínio: nos anos 80, o legal era ter uma banda de rock. Já nos 90, era axé e pagode. Agora, século 21, todo mundo quer ser DJ - tem oficina, curso, informação acessível... Mas como hoje não tem mais equipe de som, o pessoal não sabe por onde começar. Tem gente que nunca pegou num disco! E esse é um dos papéis do Hip Hop DJ. O DJ está começando a ser visto não só como um artista, mas como um artista de performance, como um skatista... Mas enquanto a eletrônica tem a mídia e os patrocínios, o hip hop não consegue nada.
KL Jay - No fim a gente nem quer, porque acaba se expandindo sozinho.
King - Hoje eu tou tocando só em casa de classe alta, com ingresso a 50 e 60 reais, em Maresias. Outro dia eu toquei numa festa e quem tava do meu lado era o Chiquinho Scarpa (risos). Sem noção. Ele olhou pra mim, me viu, assim, vestido todo colorido, e isso agrediu o cara. E eu comecei a rir: "Olha onde eu tou, olha quem tá ouvindo meu som".
Hum- Eu sempre repito uma frase que é do KL Jay - o hip hop pode ter tudo, mas não tem grupo mais unido que os DJs.
King - DJ é igual judeu (risos).
KL Jay - A gente troca idéia, cumprimenta, pergunta que som o outro tá ouvindo e tá tocando. Não tem essa entre nós, mas com os outros caras... A gente tem a mente mais aberta.
Nutz - Pra você ter uma idéia, eu tocava numa festa, mas me tiraram para o King assumir. Não deixei de freqüentar a festa por causa disso.
KL Jay - O DJ é como um disco, redondo, gira e vê todos os lados, em 360º, igual a Terra. Ele toca para 500, 1000, 5 mil pessoas ao mesmo tempo. E conversa com as pessoas, fala usando as mãos, os discos. A gente sabe ir e voltar.

Marcadores:

terça-feira, outubro 09, 2007

Alexandra Boulat †

http://www.viiphoto.com/frame-movie.php?vID=17





† LUTO †

ALEXANDRA BOULAT




Alexandra Boulat was born in Paris, France, in 1962. She was originally trained in graphic art and art history, at the Beaux Arts in Paris. She was represented by Sipa Press for 10 years until 2000. In 2001 she co-founded VII photo agency. Her news and features stories are published in many international magazines, above all Time, Newsweek, National Geographic Magazine and Paris-Match. She has recieved many International Awards for the quality of her work.

Boulat covers news, conflicts and social issues as well as making extensive reportages on countries and people. Among her many varied assignments, she has reported on the wars in former Yugoslavia, the Israeli and Palestinian conflict, the war in Iraq, Afghanistan at the fall of the Taliban, and the Women condition in the Islamic world. Other large assignments published in National Geographic include country stories on Indonesia Albania, and Morroco.


AWARDS

* Best Women Photographer, Bevento Oscars, Italy 2006
* Overseas Press Club 2003 - Afghanistan

Marcadores:

sexta-feira, outubro 05, 2007

onde está o engano dona?

Relatório da ONU induz a erro e exagera violência em SP

BBC Brasil

Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) apresentado nesta semana induz ao erro e exagera números relativos à violência na cidade de São Paulo.

O documento de 448 páginas apresentou em um quadro uma série de dados sobre a violência na cidade. Entre as afirmações feitas estava a de que a cidade de São Paulo respondeu por 1% dos homicídios em todo o mundo, apesar de ter apenas 0,17% da população do planeta.

No título do quadro e na referência biográfica, o documento cita o ano de 2006, dando a entender que a afirmação se referia a esse ano. A base para a afirmação, no entanto, é uma reportagem publicada em 2006 no jornal argentino La Nación. Na reportagem, o jornalista usa um estudo de 2002 da Organização Mundial da Saúde (OMS) para fazer a afirmação.
No quadro que apresenta os dados, não há nenhuma referência ao estudo da OMS nem ao ano em que ele foi feito.

Organizações não-governamentais, acadêmicos e alguns blogs no Brasil reagiram à notícia e criticaram o relatório, cujas informações foram reproduzidas em diversos meios de comunicação no país, inclusive em uma reportagem da BBC Brasil.

A UN Habitat, com sede em Nairobi, no Quênia, reconheceu que o dado havia levantado dúvidas de outras organizações multilaterais, como o Banco Mundial, mas disse apenas que irá checar os dados.

"Temos confiança de que as fontes indicadas estão citadas corretamente. Entretanto, vamos checar novamente a informação para identificar eventuais erros tipográficos", foi a resposta da assessoria de imprensa à BBC Brasil.

Estatísticas de variadas procedências e diferentes metodologias mostram que o documento não retrata com precisão a violência em São Paulo e exagera a situação.

De acordo com o Núcleo de Estudos da Violência (NEV/USP), uma das fontes de informação que alimentam as estatísticas da ONU, os homicídios na cidade de São Paulo caíram de 6.102 em 2000 para 3.955 em 2004, último ano com dados coletados pelo núcleo. Isso representa uma queda de mais de 35% em quatro anos.

Como a OMS estima que cerca de 520 mil pessoas são mortas a cada ano no mundo - um cálculo feito em 2002, mas que a entidade estima ser semelhante ao dos dias atuais -, a 'fatia' de São Paulo nos homicídios mundiais passou de 1,17% para 0,76% entre 2000 e 2004. Em 2002, quando a cidade teve 5.318 assassinatos, ainda de acordo com o NEV/USP, a relação era de fato de 1%.

O NEV/USP diz que calcula o número de homicídios com base em "cruzamento de informações" de diversas fontes, como polícias estaduais, hospitais e institutos médicos legais.

A Fundação Seade, que cruza dados do Datasus e da polícia estadual, calcula que os homicídios na capital paulista chegaram ao pico de 6.363 em 1999, caíram para 6.206 no ano seguinte, para 5.596 em 2002. Ainda segundo a Seade, houve nova queda em 2004, para 4.223, e finalmente para 3.492, em 2005 - último ano com dados oficiais já coletados.

Ou seja, por esse levantamento - que é diferente do usado pela OMS em 2002 - a proporção das mortes violentas em São Paulo em relação ao total no mundo seria ainda menor e estaria em queda.

Outro dado citado com imprecisão no relatório da ONU afirma que São Paulo teve 11.455 assassinatos em 1999.
Na verdade, o dado, extraído de um estudo de 2005 do Instituto Fernand Braudel, diz respeito à Grande São Paulo, que inclui as 39 cidades da região metropolitana.

Marcadores:

terça-feira, outubro 02, 2007

Marcadores: